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Conhecendo sobre as florestas
Definição de floresta
Cotidianamente, denomina-se "floresta" qualquer vegetação que apresente predominância de indivíduos lenhosos, onde as copas das árvores se tocam formando um dossel. Sinônimos populares para florestas são: mata, mato, bosque, capoeira, selva. Para tratar de florestas no meio acadêmico, científico e governamental, necessita-se de uma definição mais técnica e objetiva, que possibilite a estimativa de área de florestas do país e também atenda a regulamentos e normas, nacionais ou internacionais, que não podem permitir dúvidas de interpretação.
Existem diversas definições, criadas para atender objetivos específicos. A seguir apresenta-se definições da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) que leva em conta aspectos de uso e ocupação do solo, e da UNFCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) que trata de florestas no aspecto de mudanças climáticas.
"Floresta - área medindo mais de 0,5 ha com árvores maiores que 5 m de altura e cobertura de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros in situ. Isso não inclui terra que está predominantemente sob uso agrícola ou urbano."
FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação Termos e definições, utilizados na Avaliação Global dos Recursos Florestais (FRA)
"Floresta é uma área de no mínimo 0,05-1,0 ha com cobertura de copa (ou densidade equivalente) de mais de 10-30%, com árvores com o potencial de atingir a altura mínima de 2-5 metros na maturidade in situ. Uma floresta pode consistir tanto de formações florestais fechadas (densas), onde árvores de vários estratos e suprimidas cobrem uma alta proporção do solo, quanto de florestas abertas. Povoamentos naturais jovens e todas as plantações que ainda atingirão densidade de 10-30% e uma altura entre 2 e 5 metros são incluídos como floresta, assim como áreas que normalmente fazem parte da área florestal e que estão temporariamente desflorestadas como resultado da intervenção humana, como a colheita ou causas naturais, mas cuja reversão da floresta é esperada."
UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change Acordo de Marrakesh e Declaração de Marrakesh
Por serem específicas para os fins para o qual foram criadas, essas definições não conseguem abranger a complexidade das florestas no Brasil. Nem todas as tipologias florestais de ecossistemas peculiares como Cerrado e Caatinga não necessariamente preenchem os requisitos das definições anteriores para serem consideradas florestas. Apesar disso na prática são utilizadas como florestas - utilização de recursos madeireiros, extrativismos de frutos, sementes e produtos medicinais. Para contemplar a complexidade dos recursos florestais no Brasil, uma definição que também considera o uso poderia abranger outras vegetações que não sejam propriamente florestas.
O Serviço Florestal Brasileiro, no desenvolvimento de seus trabalhos e na elaboração dos relatórios nacionais e internacionais sobre os recursos florestais do país, tem considerado como floresta as tipologias de vegetação lenhosas que mais se aproximam da definição de florestas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Estas correspondem às seguintes categorias de vegetação do Sistema de Classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
- Floresta Ombrófila Densa;
- Floresta Ombrófila Aberta;
- Floresta Ombrófila Mista;
- Floresta Estacional Semidecidual;
- Floresta Estacional Decidual;
- Campinarana (florestada e arborizada);
- Savana (florestada e arborizada);
- Savana Estépica (florestada e arborizada);
- Estepe (arborizada);
- Vegetação com influência marinha, fluviomarinha, fluvial e ou lacustre (arbóreas) - Restinga, Manguezal e Palmeiral;
- Vegetação remanescente em contatos em que pelo menos uma formação seja florestal;
- Vegetação secundária em áreas florestais;
- Reflorestamento
Tipologias florestais
A classificação dos diferentes tipos de formações florestais utilizadas pelo Serviço Florestal Brasileiro é a estabelecida pelo IBGE. Essa classificação dá-se pelo Sistema Primário Natural, que apresenta uma hierarquia de formações florestais, sendo detalhadas primeiro pela fitossociologia e em seguida por estudos ecológicos. Nesse sistema estão incluídos todos os tipos de vegetação ou Regiões Fitoecológicas brasileiras, as Formações pioneiras, os Refúgios Vegetacionais e as faixas de Tensão Ecológica entre duas ou mais Regiões Fitoecológicas.
Regiões Fitoecológicas ou Tipos de Vegetação
Para entender a classificação da vegetação, é importante compreender o que significa cada classe. Veja a seguir a descrições de cada tipologia.
- Floresta Ombrófila
A palavra ombrófila tem origem grega e significa "amigo das chuvas", o mesmo que pluvial de origem latina, e caracteriza uma formação vegetal cujo desenvolvimento depende de regime de águas pluviais abundantes e constantes. - Floresta Ombrófila Densa
Também conhecida como florestal pluvial tropical; possui uma vegetação densa em todos os estratos (arbóreo, arbustivo, herbáceo e lianas); ocorre em regiões dos biomas Amazônia e zona costeira da Mata Atlântica onde o período biologicamente seco é praticamente inexistente. - Floresta Ombrófila Aberta
É uma variação da floresta ombrófila densa, sendo uma formação florestal mais aberta, onde comumentemente observam-se combinações de espécies particulares em associações (fasciações ou fascies); ocorre nas regiões de transição entre o bioma Amazônico e as áreas vizinhas com mais dias secos do que nas regiões onde ocorre Floresta Ombrófila Densa. - Floresta Ombrófila Mista
Caracteriza-se como uma floresta ombrófila, porém com predomínio da espécie Araucaria angustifolia, e por isso é também conhecida como Mata de Araucária; ocorre no Planalto Meridional (sul do Brasil), onde as chuvas são regularmente distribuídas ao longo do ano e as temperaturas são mais baixas em relação às outras regiões com formações ombrófilas. - Floresta Estacional Semidecidual
É também denominada Floresta Tropical Subcaducifólia. Apresenta vegetação condicionada pela dupla estacionalidade climática: uma tropical com época de intensas chuvas de verão, seguida por estiagem acentuada e outra subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno, quando parte da vegetação perde suas folhas. Ocorre em várias regiões do Brasil. - Floresta Estacional Decidual
É também denominada Floresta Tropical Caducifólia. Sua vegetação caracteriza-se por duas estações climáticas bem demarcadas: uma chuvosa seguida de outro longo período biologicamente seco, onde a maior parte das espécies perde suas folhas. Ocorre em várias regiões do Brasil. - Campinarana
Sinônimo de campina, significa "falso campo"; caracteriza-se por vegetação lenhosa aberta dos pântanos com umidade. Ocorre na Amazônia. - Savana
No Brasil, é sinônimo de Cerrado; caracteriza-se por vegetação xeromorfa (adaptada a regiões com pouca água) que ocorre preferencialmente em regiões de clima estacional, podendo ocorrer também em clima ombrófilo. Caracteriza-se por árvores baixas e arbustos espaçados, associados a gramíneas e geralmente apresentam troncos e ramos acentuadamente tortuosos e acinzentados. Ocorre no Planalto Central Brasileiro e em certas áreas da Amazônia e do Nordeste, em terreno geralmente plano. - Savana Estépica
No Brasil, o termo designa formações vegetais como a Caatinga, Campos de Roraima, Chaco Sul-Mato-Grossense e Parque de Espinilho da Barra do Rio Quaraí (RS); vegetação tropical de características estépicas (vide Estepe). Ocorre em regiões com clima que se caracteriza por dupla estacionalidade. - Estepe
Vegetação submetida a dupla estacionalidade, uma fisiológica, provocada pelo frio das frentes polares e outra seca, mais curta, com déficit hídrico; apresenta composição florística gramíneo-lenhosa. Ocorre em regiões próximas aos pólos ou regiões que apresentem homologia ecológica, como no extremo sul do Brasil, correspondendo às Campanhas Gaúchas e Campos Gerais Planálticos. - Formações Pioneiras
Vegetação de primeira ocupação em solos anteriormente sem vegetação alguma, causada por processos naturais. - Subformação Aluvial
Não varia topograficamente, apresentando sempre ambientes repetitivos nos terraços aluviais dos flúvios (margens dos cursos d'água). - Subformação Terras baixas
Ocorre geralmente em planícies costeiras, altitude variando de 5 a 100m. - Subformação Submontana
Situada nas encostas dos planaltos e/ou serras. - Subformação Montana
Situada nas encostas dos planaltos e/ou serras. - Alto-montana
Situada acima da formação Montana, cume das serras. - Áreas de tensão ecológica
Regiões de contato entre duas ou mais tipologias vegetacionais onde as floras se interpenetram, formando comunidades indiferenciadas. - Refúgios Vegetacionais
Também denominados "comunidades relíquias", define-se como toda e qualquer vegetação floristicamente e fisionômico-ecologicamente diferente do contexto geral da flora dominante, ocorrendo em situações especialíssimas como o caso de comunidades em altitudes acima de 1.800m. - Fascies
Caracteriza-se por apresentar uma combinação de espécies particulares, mais ou menos casuais, dentro de uma associação.
Veja também a Classificação das Tipologias Florestais, com suas subdivisões, hierarquias e legenda clicando aqui.
Consulte o mapa temático de Vegetação no link do Mapa de Vegetação e Recursos Florísticos do IBGE.
Bens e serviços que a floresta oferece
O conceito de bens e serviços tem origem nas ciências econômicas. Bens são definidos como tudo aquilo que seja útil ao homem, com ou sem valor econômico - ex: madeira, alimentos, fármacos, resinas, óleos, água e outros. Os serviços são prestações de assistência ou realização de tarefas que contribuem para satisfazer as necessidades humanas, sejam elas individuais ou coletivas - ex: sequestro de carbono, regulação do clima, regulação do ciclo hidrológico, controle de erosões e outros. Os principais bens e serviços que os ecossistemas florestais fornecem são:
- matérias-primas - madeira, combustíveis e fibras;
- material genético;
- controle biológico;
- alimento - pesca, caça, frutos, sementes;
- produtos farmacêuticos;
- recreação, ecoturismo e lazer;
- recurso educacional;
- cultural - estético, artístico, científico e espiritual;
- controle de erosão, enchentes, sedimentação e poluição;
- armazenamento de água em bacias hidrográficas, reservatórios e aqüíferos;
- controle de distúrbios climáticos como tempestades, enchentes e secas;
- proteção de habitats utilizados na reprodução e migração de espécies;
- tratamento de resíduos e filtragem de produtos tóxicos;
- regulação dos níveis de gases atmosféricos poluentes;
- regulação de gases que afetam o clima;
- ciclagem de minerais.
Atualmente, as preocupações com o desmatamento e as mudanças do clima têm demonstrado a necessidade de valorar e remunerar economicamente os bens e os serviços ecossistêmicos, mesmo diante de valores subjetivos (ex: valor cultural) e das limitações metodológicas e práticas de mensuração.
É importante ressaltar que bens e serviços não provêm exclusivamente de florestas naturais. Muitos deles também são fornecidos pelas florestas plantadas. Os bens e serviços da floresta refletem a sua importancia em âmbito ecológico, econômico e social.
Importância Ecológica das Florestas
As florestas são importantes ecologicamente por sua biodiversidade e pelos serviços ambientais que prestam. As florestas naturais são as maiores fontes de diversidade biológica ou biodiversidade, que é uma das maiores riquezas do país, e ainda pouco conhecida. Essa variedade de organismos vivos pode tornar-se um bem econômico, como princípios ativos de plantas, como fonte de alimentos e, ainda, fonte de tecnologia através de bio-mimetismo (tecnologia que imita a natureza).
As florestas naturais e as florestas plantadas, as últimas ainda que menos diversas, oferecem inúmeros outros serviços ambientais, entre eles:
- regulação do clima;
- sequestro de carbono;
- conservação do solo;
- conservação dos recursos hídricos;
- manutenção dos ciclos de chuva (em especial a Floresta Amazônica).
Importância Econômica das Florestas
As florestas, tanto naturais quanto plantadas, são essencialmente importantes para a economia brasileira. Todos os setores produtivos estão direta ou indiretamente ligados aos produtos florestais, como exemplos, indústria de base usa carvão vegetal como fonte de energia, a construção civil utiliza madeira e a agropecuária se vale dos serviços ambientais fornecidos pelas florestas. Estima-se que o setor de base florestal, que atua basicamente em seis cadeiras produtivas seja responsável por 4% do PIB brasileiro e pela geração de 6 milhões de empregos.
Cadeias Produtivas | Origem da matéria-prima |
---|---|
Lenha e carvão | Florestas plantadas e naturais |
Madeira sólida (serrarias) | |
Papel e celulose | Florestas plantadas |
Painéis reconstituídos | |
Produtos não madeireiros | Basicamente de florestas naurais |
Serviços ambientais | Florestas plantadas e naturais |
Importância Social das Florestas
As atividades florestais têm uma relação muito estreita com comunidades rurais. Por um lado, as florestas naturais abrigam populações indígenas e caboclas tradicionais e, por outro, o plantio de florestas ou o manejo das reservas florestais se apresentam como alteranativa econômica aos pequenos produtores rurais.
Tanto as florestas naturais quanto as plantadas podem ser instrumento de inclusão social. O manejo comunitário é um tema que vem sendo estudado, divulgado e colocado em prática, especialmente na região amazônica, como forma de as comunidades tradicionais utilizarem economicamente a floresta de forma organizada para que possam aumentar sua renda e melhorar suas condições de vida. O fomento florestal de florestas plantadas tem sido colocado como uma alternativa para pequenos proprietários rurais em regiões tradicionalmente agrícolas.
As florestas desempenham ainda importante papel social, pois estão intimamente associadas a rituais tradicionais, folclore, cultura. As florestas acabam sendo elemento místico na cultura brasileira, especialmente para as populações que nelas vivem. A questão social das florestas merece atenção especial dos governos para que a imensa riqueza delas produzidas não concentre renda, mas gere benefícios para todo o povo brasileiro, trazendo inclusão social e riqueza nacional.