SNIF - Bioeconomia

Conceito de Bioeconomia da floresta

A bioeconomia baseada em recursos florestais pode ser definida como um conjunto de atividades relacionadas à obtenção de produtos florestais e de serviços do ecossistema florestal [1, 2], gerados de forma inovadora e sustentável, levando-se em consideração os aspectos ambientais, sociais e culturais associados ao uso dos recursos florestais [2, 3].

1. Piplani, M.; Smith-Hall, C. Towards a Global Framework for Analysing the Forest-Based Bioeconomy. Forests 2021 12, 1673. https://doi.org/10.3390/f12121673

2. Afonso, S.R. Produtos florestais não madeireiros: do extrativismo vegetal à bioeconomia da floresta. In: Produtos Florestais Não Madeireiros: tecnologia, mercado, pesquisas e atualidades. Evangelista, W.V. (Ed.). Científica Digital: Guarujá, Brasil, 2021; pp. 29-43 http://downloads.editoracientifica.org/books/978-65-89826-39-2.pdf

Afonso, S.R.; Freitas, J. V; Diniz, J. D. A. S; Lima, M. F. B. The potential for using non-timber forest products to develop the Brazilian bioeconomy. In: The bioeconomy and non-timber forest products. Smith-Hall, C., Chamberlain, J. (Ed.). Routledge, 2022, 232 p. https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.4324/9781003245001-7/potential-using-non-timber-forest-products-develop-brazilian-bioeconomy-sandra-regina-afonso-joberto-veloso-de-freitas-jana%C3%ADna-diniz-maria-de-f%C3%A1tima-de-brito-lima

3. Abramovay R., Ferreira J., Costa F. A., Ehrlich M., Euler A. M. C., Young C. E.F., Kaimowitz D., Moutinho P., Nobre I., Rogez H., Roxo E., Schor T., Villanova L. Chapter 30: The New Bioeconomy in the Amazon: Opportunities and Challenges for a Healthy Standing Forest and Flowing Rivers. In: Nobre C., Encalada A., Anderson E., Roca Alcazar F.H., Bustamante M., Mena C., PeñaClaros M., Poveda G., Rodriguez J.P., Saleska S., Trumbore S., Val A.L., Villa Nova L, Abramovay R., Alencar A., Rodríguez Alzza C., Armenteras D., Artaxo P., Athayde S., Barretto Filho H.T., Barlow J., Berenguer E., Bortolotto F., Costa F.A., Costa M.H., Cuvi N., Fearnside P.M., Ferreira J., Flores B.M., Frieri S., Gatti L.V., Guayasamin J.M., Hecht S., Hirota M., Hoorn C., Josse C., Lapola D.M., Larrea C., Larrea-Alcazar D.M., Lehm Ardaya Z., Malhi Y., Marengo J.A., Melack J., Moraes R. M., Moutinho P., Murmis M.R., Neves E.G., Paez B., Painter L., Ramos A., Rosero-Peña M.C., Schmink M., Sist P., ter Steege H., Val P., van der Voort H., Varese M., Zapata-Ríos G. (Eds). Amazon Assessment Report United Nations Sustainable Development Solutions Network, New York, USA. 2021. https://www.theamazonwewant.org/wp-content/uploads/2022/05/Chapter-30-Bound-May-16.pdf

 

 

Conheça mais sobre a Bioeconomia no Serviço Florestal Brasileiro

 

O valor da bioeconomia da floresta no mundo

As florestas cobrem 4,06 bilhões de hectares, ou seja, 31% da superfície terrestre do planeta e cerca de 3,27 bilhões de pessoas vivem dentro de florestas ou até 1 km de uma floresta. Produtos florestais colhidos na natureza aumentam a segurança alimentar e nutricional de pessoas próximas à florestas e, em muitos países tropicais, pessoas próximas à floresta ganham cerca de um quarto de sua renda a partir dos recursos florestais (FAO, 2022).

Assim, para além do valor monetário, as florestas apresentam diferentes valores associados a questões sociais e culturais daqueles que fazem o uso dos seus recursos.

Como geradora de renda, as florestas são fundamentais para a construção de economias inclusivas e sustentáveis em todo o mundo, a partir do fortalecimento de cadeias de valor florestais.

Estima-se que mais da metade do produto interno bruto mundial (US$ 84,4 trilhões em 2020) depende moderadamente (US$ 31 trilhões por ano) ou altamente (US$ 13 trilhões por ano) de serviços ecossistêmicos, incluindo aqueles fornecidos pelas florestas. Em relação aos produtos florestais não madeireiros, 3,5 bilhões a 5,76 bilhões de pessoas fazem uso direto ou os utilizam como meios de subsistência. (FAO, 2022).

FAO.The State of the World’s Forests 2022. Forest pathways for green recovery and building inclusive, resilient and sustainable economies. Rome, FAO, 2022. https://doi.org/10.4060/cb9360en

 

A bioeconomia da floresta na América Latina e Caribe

De acordo com a FAO (2022), estima-se que dos 4,06 bilhões de florestas do mundo, a América do Sul responde por 21% desse total, os quais se somados a América Central e Caribe chegamos a 22% ou 874,5 milhões de hectares. Nessa conta está a Amazônia que abrange 8 dos 12 países que compõem a América do Sul.

Segundo relatório do PNUD (2010), os países da América Latina e do Caribe representam a região mais biologicamente diversa do mundo. Somente a América do Sul contém quase a metade da biodiversidade terrestre. Além disso, a biodiversidade está inserida nas fundações das culturas que habitaram a América Latina e o Caribe. A biodiversidade é de importância central para a provisão de serviços ecossistêmicos no longo prazo, e cumpre um papel chave na manutenção da resiliência (capacidade de resistência e recuperação) dos ecossistemas.

 “A biodiversidade proporciona a principal rede de segurança para as populações rurais na América Latina e no Caribe, ao limitar a desnutrição e a migração em grande escala para as cidades. Muitas comunidades rurais e indígenas dependem da biodiversidade para seus meios de vida, seja na pesca, nos produtos florestais não-madereiros ou na agricultura. A imensa gama de recursos naturais da região constitui um laboratório singular para produtos e processos que poderiam incubar soluções medicinais para as gerações presentes e futuras. Crescem mercados para remédios da biodiversidade, nos quais a região poderia se posicionar como líder, se houver mais investimento na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias. Os remédios fitoterapêuticos têm um mercado global estimado em US$60 bilhões” (PNUD , 2010).

Conforme documento produzido pela equipe da CEPAL, como parte das atividades do Projeto ALCUE-KBBE (América Latina Unión Europea-Bioeconomía Basada en el Conocimiento), foram identificados vários caminhos para o desenvolvimento da bioeconomia na América Latina e Caribe, que podem ser resumidas em cinco categorias: i) uso de biodiversidade e serviços ecossistêmicos; ii) intensificação ecológica; iii) aplicações biotecnologia; iv) bioenergia e bioprodutos (biorrefinarias); e v) melhoria da eficiência de cadeias de valor no sistema alimentar.

FAO.The State of the World’s Forests 2022. Forest pathways for green recovery and building inclusive, resilient and sustainable economies. Rome, FAO, 2022. https://doi.org/10.4060/cb9360en

PNUD. América Latina e o Caribe: uma superpotência em biodiversidade, 2010. http://www.zaragoza.es/contenidos/medioambiente/onu/175-por-res1.pdf

https://www.cepal.org/es/publicaciones/42427-bioeconomia-america-latina-caribe-contexto-global-regional-perspectivas

 

O Fórum sobre a Bioeconomia na América Latina

O BioForestALC trata-se do I Fórum Virtual sobre o Potencial dos Produtos Florestais Não Madeireiros para uma Bioeconomia da América Latina e Caribe: Conectando a bioeconomia e as florestas com o desenvolvimento humano, que foi realizado a partir de uma série de atividades preparatórias tendo sua culminância no encontro ocorrido de 23 a 26 de maio de 2022.

A proposta surgiu dentro do contexto da Força-Tarefa intitulada “Unlocking The Bioeconomy and Nom-Timber Forest Products”, instituída, durante o XXV Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO) realizado no Brasil, em 2019. A Força-Tarefa envolve pesquisadores de mais de 25 países, incluindo representantes de toda a América Latina, e membros de organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que têm participado ativamente.

Dentro da Força-Tarefa, surgiu a proposta de organizar um e-FORUM sobre o Potencial de Produtos Florestais Não Madeireiros para a Bioeconomia  da América Latina e Caribe, inspirada Rede Temática Europeia INCREdible sobre Redes de Inovação em PFNMs do Mediterrâneo. Embora em contextos distintos, o objetivo da rede europeia de reduzir a distância entre o conhecimento disponível em pesquisa e a inovação efetivamente implementada no setor, é também de interesse na América Latina e Caribe, especialmente, quando se pensa em desenvolver estratégias de bioeconomia inclusivas.