SNIF - Concessão florestal é a guardiã da Floresta Nacional de Altamira

Concessão florestal é a guardiã da Floresta Nacional de Altamira

  • Publicado: Quarta, 25 de Novembro de 2020, 17h03
  • Última atualização em Quarta, 25 de Novembro de 2020, 17h14

As áreas concedidas ao manejo de impacto reduzido permanecem em pé e geram renda e desenvolvimento local

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro 

 

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As atividades de manejo florestal na Floresta Nacional (Flona)  de Altamira, no Pará, são feitas pelas concessionárias RRX Mineração e Serviços Ltda e Patauá Florestal Ltda. As áreas sob concessão somam quase 362 mil hectares e estão divididas em quatro Unidades de Manejo Florestal (UMFs). Os contratos com o Serviço Florestal Brasileiro foram assinados em 2015.

No entanto, as atividades de exploração iniciaram há pouco mais de 2 anos. Nesse período, as empresas fizeram as benfeitorias necessárias para o início dos trabalhos. Foi necessária a construção dos alojamentos dos funcionários, das estradas, dos depósitos e dos galpões de beneficiamento, além da compra de equipamentos, caminhões, tratores e ônibus.

O pou2020 11 20 concessao 02co tempo decorrido até o momento foi importante para os empresários mudarem a sua visão sobre a floresta e a importância dela na vida da comunidade do Distrito Moraes Almeida, onde ficam as sedes das empresas. O distrito fica a 300 km do município ao qual está vinculado, Itaituba (PA).  

“A concessão ensinou que a gente precisa fazer um planejamento de longo prazo, pois a perspectiva de trabalho na floresta é de décadas. Então, aprendemos a prestar atenção na valorização da floresta em pé, que antes passava desapercebida. Hoje a gente entende a necessidade de deixar a floresta descansando por 30 anos”, afirmou o diretor de Relações Institucionais da Patauá, Oberdan Perondi.

O gerente da RRX, Luiz Alberto Overney Ferreira, só havia trabalhado com floresta plantada no Rio de Janeiro, até ser convidado a gerenciar a empresa no coração da Amazônia. “Na minha opinião, a concessão florestal é só benfeitoria. O governo encontrou um síndico para cuidar das florestas”, afirmou o gerente. 

“Claro que a gente como empresa visa lucro, pois nós a exploramos comercialmente. Mas tudo acontece dentro das técnicas determinadas que são muitos rigorosas e a floresta vai ser mantida em pé. A gente só vê as pessoas destruindo as áreas que não têm concessão florestal. Então, eu ressalto que a concessão é o caminho para proteger a floresta e eu só tive essa noção com o conhecimento que aprendi aqui na Flona”, defendeu Luiz Alberto. 

Guardiã da Floresta

“A concessão florestal é a guardiã da floresta”, afirmou o diretor administrativo da Patauá, Onésio Alves da Silva. “Ao sobrevoar as UMFs da Flona de Altamira, a gente só vê um território verde, mata. Nas áreas fora da concessão, é possível ver a ação ilegal. Isso é visível nas imagens de satélite.

Se não fosse a concessão, a Flona não estaria preservada, como é a sua realidade hoje”, completou.  Segundo Oberdan Perondi, os concessionários zelam pelas áreas por meio de mecanismos sofisticados de monitoramento. Ao menor sinal de invasão detectado pelos satélites é informado aos órgãos federais de fiscalização, ICMBio e Ibama, além do Serviço Florestal Brasileiro, que faz a gestão das concessões florestais.

2020 11 20 concessao 06A comunidade local é também uma ferrenha aliada das concessões florestais. A explicação é simples. O distrito de Moraes Almeida possui 10 mil habitantes. “Só a Patauá tem 150 funcionários dentro da Flona de Altamira, além de manter 500 empregos diretos e 2500 indiretos. Nessa conta, 25% da população depende direta ou indiretamente da Patauá”, informou Onésio Alves da Silva.

“O monitoramento da floresta é feito pelos órgãos do governo e pela fofoca da comunidade. A cidade é pequena e as pessoas sabem quando vem alguém aqui querendo fazer atividade ilegal. Elas nos contam e entramos em contato com esses órgãos de fiscalização. As pessoas sabem que o retorno para elas depende do nosso lucro, então, posso dizer que Moraes Almeida é um distrito que protege a floresta”, disse Onésio.

Rastreabilidade da madeira

Os contratos de concessão florestal são monitorados em três etapas: controle de produção, cláusulas contratuais e indicadores técnicos e de produção. O concessionário é obrigado a fazer a rastreabilidade de toda árvore retirada da floresta. Para isso, o Serviço Florestal Brasileiro conta com avançadas ferramentas de monitoramento. Uma dessas ferramentas é o Sistema de Cadeia de Custódia (SCC), um conjunto de procedimentos adotados para o rastreamento. Um sistema informatizado controla desde a derrubada de árvores, seccionamento e transporte das toras até a sua transformação na primeira unidade processadora.  

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Oberdan Perondi relatou que um antigo cliente de Londres estava na região e pediu para fazer o SCC ao contrário. A partir de um decking comprado em 2016 esse cliente queria chegar até a árvore derrubada. Com a ajuda de um drone e ferramentas para abrir o caminho, conseguiram chegar ao local. Mas foi impossível identificar o lado que a árvore caiu, em função das rigorosas técnicas de impacto reduzido usadas na derrubada.

Para o diretor de Concessão Florestal e Monitoramento do Serviço Florestal Brasileiro, Paulo Carneiro, "o monitoramento é um importante aliado no controle da exploração e produção madeireira garantindo, por um lado que a colheita da madeira seja realizada com técnicas de mínimo impacto e, por outro, permitindo ao consumidor exercer o seu direito de escolha entre as empresas que utilizem as melhores práticas produtivas".

Produção

A Patauá e a RRX iniciaram as atividades em 2015. Cada uma delas faz o manejo florestal em duas UMFs e produção delas em 2019 foi de cerca de 36 mil e 28 mil metros cúbicos de tora, respectivamente.

A maior parte dessa produção é comprada por empresas internacionais, que exigem a rastreabilidade ou a certificação FSC (do inglês, Forest Stewardship Council Internacional). O FSC é um sistema de certificação florestal internacionalmente reconhecido, que identifica produtos originados do manejo florestal sustentável.

2020 11 20 concessao 05Para Overney Ferreira, “as madeiras mais procuradas são ipê, jatobá, garapa, angelim pedra e maçaranduba, respectivamente. Os países que compram essas madeiras em maior volume e frequência da RRX são Estados Unidos, Bélgica, França e Panamá”.

Os principais clientes da Patauá são em primeiro lugar a Espanha, depois a Dinamarca, que exigem a certificação FSC. “A rastreabilidade e a certificação da madeira conferem uma valorização em torno de 10% no valor final. Não é muito se considerarmos os benefícios do uso do manejo sustentável para as florestas. No entanto, o mercado nacional ainda busca, em sua maioria o mercado de madeira que não pratica essas técnicas”, declarou Oberdan.

Concessão Florestal

O Serviço Florestal Brasileiro faz a gestão de contratos de concessão florestal em uma área atual de 1,05 milhão de hectares, nos estados do Pará e Rondônia. A possibilidade de transferir o manejo florestal sustentável para a iniciativa privada está previsto na Lei de Gestão de Florestas Públicas, Lei 11.284/2006.

O objetivo da concessão florestal, de acordo com a lei, é conservar as florestas públicas brasileiras, promover a produção sustentável, estimular o desenvolvimento econômico regional e melhorar a qualidade de vida das populações que vivem no entorno dessas áreas.Por contrato, os concessionários são obrigados a usar rigorosas técnicas de manejo florestal de impacto reduzido.2020 11 20 concessao 01

Esses procedimentos garantem que a floresta permaneça saudável e conservada. A área concedida é manejada em um sistema de rodízio, permitindo uma produção contínua e sustentável de madeira. Apenas de quatro a seis árvores são retiradas por hectare, área equivalente a um campo de futebol oficial. O retorno à mesma área só voltará a acontecer depois de 25 a 30 anos, tempo necessário para a recuperação plena da floresta.

Você encontra maiores informações sobre as florestas públicas concessionadas no site www.florestal.gov.br e pode acompanhar a produção destas áreas no aplicativo Sistema de Cadeia de Custódia. O app está disponível para aparelhos com sistema operacional Android.

 

 

 

Fonte: SFB

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